O post foi inspirado por algumas situações recentes que me ocorreram.
Estava com meu filho em uma oficina de artesanato para crianças. Alguns bancos a frente na enorme mesa dois garotos nos encaravam constantemente. Prestavam atenção na nossa conversa, citávamos super-heróis e desenhos animados. Um dos guris veio até nós e perguntou a idade do meu filho, sua frase seguinte disse muito sobre seu interesse:
- Meu pai e minha mãe não conversam comigo sobre isso.
Alan Moore
Em tempos de mimimi e "fãs" que nunca se aprofundaram nas obras de um mesmo artista, o estilo hater imbecil domina a rede. O texto de hoje veio para a luz após vários comentários idiotas e superficiais que vimos pela internet. Citando um caso: em comentário infeliz pelo Facebook, um usuário pichou Alan Moore, sim o mago que nos trouxe Watchmen, A piada mortal e outras obras imortais, pela sua opinião sobre as adaptações de suas obras. Amigos, as obras intelectuais de artistas consagrados não devem ser confundidas com as opiniões de seus artistas. Moore tem todo o direito de questionar, afinal foi quem pariu as obras!
Um nerd, seja de games, de livros, de mitologia grega, de quadrinhos é um crítico em potencial (se quiser). Como dito em nosso volume 1, o mercado que movimentamos é imenso. A quantidade de produtos bons é grande mas convenhamos que muita merda oportunista veio com a onda. Falo do longa de Esquadrão Suicida, sim, mais a frente.
A corrida das adaptações para a sétima arte estabeleceu um novo gênero: os filmes de super heróis.
Tá, existiram as adaptações de Superman de Reeve mas hoje é possível encontrar levas e levas de filmes super-heroícos por ano.
A hoje novamente poderosa Marvel (que foi a bancarrota anos atrás) após penar com filmes como o esdrúxulo Demolidor e o anêmico Quarteto Fantástico, utilizou o método de amarrações de suas HQ's para costurar um universo compartilhado entre seus filmes. A estratégia funcionou e apresentou vários filmes acima da média. Lógico aconteceram derrapadas pela enormidade do projeto, alguém falou Thor?
Ser um colecionador é ingrato!
Sempre disse isso para minha família e meus amigos. Afinal, estamos aqui juntando edições, fascículos e capas duras de personagens que podem continuar sendo publicados após nossas mortes.
É egoísta pensar nisso? Sim, a coleção é algo egoísta, algo solitário na maioria das vezes também.
Faz parte daquele canto da sua casa em que só você mexe. Quando mais alguém vê foi convidado por você. E não adianta negar com a cabeça, é verdade! Hoje as HQ's que já conhecíamos e adorávamos estão disseminadas em diversos formatos nas bancas.
Os filmes cultuados por nós e nossos amigos zoados na escola, são ícones dos novos nerds. E aparecem em edições especiais para todos os gostos. Assim como nossos livros preferidos.
A ascensão da cultura nerd nas últimas décadas abriu os olhos dos capitalistas. Filmes de heróis são lançados quase o ano todo. E existem diversas adaptações entre mídias. O fato é que... estamos inundados!
O mercado está cheio de peças de xadrez, canecas, camisas e utensílios de cozinha de personagens pop.
Alguns babacas começaram a achar que seu "nível de nerdice" dependia da quantidade das coisas que possuem. Sim, você conhece "fãs" de Star Wars que exibem com orgulho sua coleção enquanto nerds amam aquele mundo.
Você pode possuir tudo relacionado ao mundo que gosta? Sim.
Mas o que te faz nerd, no bruto da palavra, é o conhecimento, é o acompanhamento deste mundo e a discussão dos assuntos relacionados sem a correria cega por lançamentos nem sempre bons.
Nossas estantes lotam-se de coleções que não cabem em nossas casas nem nos nosso orçamentos, não há mais espaço pra DVD's ou Blu-Ray's e livros.
Quando você percebe que tem comprado mais e usufruído destas mesmas compras de menos há algo errado.
Você está deixando de ser nerd... e está se tornando um acumulador!
Um personagem Marvel de segundo escalão, inspirado pelo Batman e o Sombra e fadado ao ostracismo. Não mais!
Marc Spector é um homem de várias habilidades que faz parte dos heróis Marvel com alguma dificuldade ou deficiência, vide a cegueira do Demolidor ou a surdez da Eco, para Spector sobrou a esquizofrenia.
Relançada pela Panini no ano passado, a saga do Stormwatch pelas mãos de Warren Ellis é um clássico moderno sobre a que ponto podemos chegar para manter a paz mundial. Uma pérola encontrada nas bancas durante a década de 90, década esta que primava por excelentes desenhos nas HQ's em detrimento das narrativas. Este quadrinho era o melhor dos dois mundos.
Nunca antes lançado com este cuidado e respeito este material indispensável de Alan Moore teve seu último volume publicado há pouco tempo.
Um dos seus grandes trabalhos para a DC Comics, obra que gerou uma procura tamanha pela crítica especializada e que fundamentou as bases do selo Vertigo.
